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A evolução do jornalismo de dados

por HyTrade

Por Andrea Lehr

No século XIX, as ruas de New York City demonstraram ser o incubador perfeito da cólera. Essa doença começou durante o verão de 1832, quando 3.000 habitantes de New York morreram em poucas semanas. Em 1849, mais de 5.000 mortes puderam ser atribuídas à cólera, que se tornou uma epidemia.

Para mostrar quando a doença foi mais desenfreada nesse ano, o jornal New York Tribune publicou um gráfico, que comparou as mortes semanais causadas pela cólera, com o total de mortes. Esta comparação ajudou os leitores a ver que, embora o total das mortes tivesse declinado durante a última semana de junho de 1849, as mortes por cólera realmente começaram a crescer – uma representação visual que sugeria o pico do surto da epidemia, que veio algumas semanas depois.

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Diagrama mostrando o crescimento e o declínio da cólera em New York em 1849.
Total de mortes por semana
Mortes semanais por cólera
Desenhado e gravado expressamente para o New York Tribune

No século XX, houve uma mudança notável da forma como os editores usaram os dados. Ao invés de apenas plotar as tendências, os indivíduos também coletaram dados para fazer previsões1. Por exemplo, em 1952, a matemática da Marinha Grace Murray Hopper e uma equipe de programadores usaram dados estatísticos de eleições anteriores para prever a vitória de Eisenhower por um ponto percentual. Esta ânsia de prever os resultados das eleições foi trazida para o século XXI pelo fundador da FiveThirtyEight, Nate Silver, que previu com precisão os resultados em 49 dos 50 estados, durante a primeira candidatura de Obama. Todavia, Silver não teve a mesma precisão na eleição mais recente.

Se você analisar essas previsões, desde o gráfico do Tribune aos relatórios maciços desta eleição mais recente, nós vemos como as pessoas têm se interessado por descobrir novas maneiras de apresentar dados, durante bem mais de um século. Nós sempre quisemos quem, o que, onde e quando, mas as audiências estão muito interessadas no por quê. Elas querem ver o contexto que está por trás de um determinado momento, e como isto se encaixa no grande quadro.

Felizmente, há muitas oportunidades de transformar dados em histórias. Desde 2005, o tamanho do universo digital (definido como toda a informação digital criada, replicada e consumida num único ano), cresceu por um fator de 33.

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Logo, o que significa tudo isto em termos de conteúdo de sucesso?

A minha equipe da Fractl falou recentemente com repórteres e estrategistas para saber mais sobre como eles produzem conteúdo gerado por dados, onde eles encontram inspiração e o que eles esperam do futuro do jornalismo de dados.

Deixando os dados contarem a história

“Quando nós assumimos estes tipos de projetos, nós colocamos a história em primeiro lugar, ao invés da tecnologia”, disse Nathaniel Lash, um  repórter de dados do Tampa Bay Times. No ano passado, Lash usou o jornalismo de dados para ver de perto a falha de um distrito escolar do estado da Flórida.

Em dezembro de 2007, o Pinellas County School Board segregou novamente as suas escolas públicas, justificando a decisão com a promessa de que as escolas nos bairros mais pobres obteriam mais recursos que as das áreas mais afluentes. Enquanto colaborava com diversos repórteres, Lash ajudou a produzir “Fábricas de Falhas“, uma série em cinco partes, que sintetizava mais de cinco anos de consequências desastrosas, numa história engajadora.

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Este projeto usou uma astronômica quantidade de dados. Quando os primeiros capítulos desta série apareceram, “Repórteres do Times gastaram um ano revisando dezenas de milhares de páginas de documentos distritais, analisando milhões de registros de computador e entrevistando pais de mais de 100 atuais e antigos estudantes. Então, eles entrecruzaram o estado para ver como outras escolas distritais se comparavam com as inicialmente mencionadas”.

Esta maciça quantidade de dados foi interessante, mas, ultimamente, visuais únicos a transformaram numa peça notável de trabalho. Esta história fixou este conceito desde o início com um prólogo, que focou em apresentar os fatos concretos – por exemplo, mais de 80 por cento dos estudantes negros das escolas elementares do Pinellas County, falharam nos testes estaduais padrão – através de um poderoso formato visual. Colocar os 154 estudantes que foram reprovados nos seus exames de leitura ou de matemática próximos dos seis que passaram, é um visual enfadonho, mas pungente (ver abaixo).

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Também houve um elemento emocional para complementar os dados. O Tampa Bay Times incluiu 31 histórias dos estudantes. Estes tipos de orientadores emocionais tornaram-se mais usados no projeto por que eles podem conectar com mais que apenas dados estatísticos. “Failure Factories” mostrou como um nariz de um repórter por notícias pode levar a um jornalismo mais eficaz e mais ponderado, quando estiver junto com uma visualização de dados, que condensa montanhas de dados numa narrativa mais digerível.

Velhos cães com novos truques

Em 2007, o Tampa Bay Times, então conhecido como o St. Petersburg Times, lançou o PolitiFact, para verificar declarações de políticos. O PolitiFact tomou o conceito jornalístico tradicional de verificação dos fatos e o lançou na era digital.

Neste site, os funcionários pesquisavam declarações e classificavam a sua precisão usando o “Truth-O-Meter” (um medidor da veracidade dos fatos). As notas variavam de “verdade” a “calças ardentes” com base em entrevistas públicas, e os repórteres publicavam uma lista das fontes com cada reivindicação.

Considere a questão: o Presidente eleito Donald Trump tuitou em 15 de dezembro de 2016: “Se a Rússia, ou qualquer outra entidade, estivesse ‘hackeando’, por que a Casa Branca esperou tanto para agir? Por que eles apenas se queixaram após a derrota de Hillary?” Miriam Valverde, uma repórter do PolitiFact, citou múltiplas fontes e referenciou uma transcrição do terceiro debate presidencial para desacreditar a pergunta, dando a essa declaração uma classificação de “calças ardentes”.

Devido a esses tipos de reivindicações, a eleição presidencial de 2016 estimulou uma loucura de verificação de fatos. Sites como o PolitiFact tiveram um tráfico recorde durante toda a campanha. Em 27 de setembro, a noite do primeiro debate, o PolitiFact gerou mais de 2 milhões de visualizações de páginas, um recorde para um único dia deste site.

Andy Kirk, um autônomo baseado no Reino Unido, especializado em visualização de dados, disse que os editores de imprensa mais tradicionais são uma grande fonte de inspiração de dados. “Os jornais são o centro das melhores práticas neste campo”, disse ele, apontando publicações como o The New York Times, The Guardian, The Washington Post, The Wall Street Journal e o South China Morning Post.

O The New York Times e o The Guardian são, particularmente, duas publicações de alto perfil, que elevaram a popularidade do jornalismo de dados e a cimentaram nas suas redações. Em 2009, o The Guardian lançou o seu popular Datablog, e, cinco anos depois, o The New York Times o seguiu com o The Upshot. Quatro das pessoas que entrevistamos para elaborar esta peça mencionaram especificamente o The New York Times como uma das suas fontes favoritas de novas ideias.

Um dos projetos mais notáveis do The Upshot, publicado em 2014, deu uma olhada de perto em como a renda influenciou o recrutamento das universidades. Esta peça interativa pediu aos leitores para desenhar uma linha e plotar a renda dos pais, em comparação com a porcentagem dos filhos que estudavam em universidades.

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O gráfico revelou como a adivinhação de cada respondente se comparou com a real correlação. Este movimento não apenas comunicou dados importantes, como também permitiu que a audiência visualizasse as suas concepções erradas, que têm um impacto muito maior que apenas escrever estatísticas num texto de um artigo.

Como se destacar

Em 2011, o Knight News Challenge (Desafio das Notícias da Noite) ofereceu 1,5 milhões de dólares a projetos que ele acreditava que facilitariam a análise dos dados. Um desses projetos, o PANDA, equipa as redações com um conjunto de ferramentas baseadas na web, que facilitam para os jornalistas elaborarem histórias geradas por dados. A partir de março de 2014, este programa já estava disponível em 25 redações dos Estados Unidos.

A boa notícia é que mais informação leva a um campo de jogo mais uniforme. O jornalismo de dados de alta qualidade não é mais exclusivo do The New York Times, ou de outras publicações com orçamentos saudáveis.

“De uma maneira geral, nós veremos mais”, disse Matt Daniels, um editor da Polygraph, uma publicação que conta histórias através de visualizações e de animação. “Melhores ferramentas elevam os níveis dos mares, e melhoram as habilidades de todos”.

À medida que mais editores busquem investir em contar histórias baseadas em dados, lembre-se que há mais de uma maneira de contar uma história. Pense na época da série do Tampa Bay Times sobre as escolas que falhavam numa região. Recentemente, o The Upshot publicou uma peça que contou a mesma história, mas que não se limitou apenas às fronteiras do estado da Flórida.

Vale também a pena notar que os números não são essenciais. Embora isto possa parecer não intuitivo, algumas das melhores visualizações são apenas isso – grandes visualizações. Considere “Percepções da Perfeição“, que a equipe da Fractl criou para o nosso cliente Superdrug Online Doctor. Nós pedimos a designers de 18 países para fazer uma imagem no Photoshop de um corpo de uma modelo, de modo que ela fosse “linda”, de acordo com os seus diferentes padrões culturais. Embora estes não fossem dados duros, eles contaram uma história original. Ligar esses padrões, que não eram quantificáveis como uma típica fonte de dados, ainda levou a mais de 900.000 compartilhamentos sociais.

Finalmente, tenha em mente que nem todos são fanáticos por dados. Um grande conjunto de dados não chegará a lugar algum, se for difícil de interpretar. Em abril passado, Matt Daniels e Hanah Anderson publicaram uma história na Polygraph que explorava a tendência de Hollywood de superproduzir filmes dominados por homens de raça branca. Eles estavam trabalhando com um assustador conjunto de dados de 2.000 roteiros, que poderiam ter se tornado esmagadores, mas que eles dividiram de uma forma digerível, confiando em pistas familiares como sombra azul para os homens e vermelha para as mulheres, o que facilitou compreender a disparidade de gêneros nos diálogos, no equilíbrio dos personagens e nos resultados das bilheterias.

Para os editores, bem como para as marcas, os dados não são mais considerados uma boa adição à sua estratégia de conteúdo; é essencial se destacar. Muitos editores gostam de voltar aos artigos de texto por que eles são familiares, mas os dados nos deram maneiras de oferecer contexto e clareza às nossas narrativas mais poderosas.

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Sobre a autora: Andrea Lehr é uma Estrategista de Relacionamento de Marcas da Fractl – uma Agência de Marketing Perceptivo localizada em West Palm Beach, Flórida.

Fonte: The Content Strategist

Tradução: Fernando B. T. Leite

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